Luciene Rroques

  Éh,  meu caro Onofre,  quando cheguei ao vilarejo foi que me dei conta do desastre que o primo fizera com a própria vida. Iludido pelas palavras de Ordelia,  casou-se as cegas. Enlouqueceu de vez, virou capacho  da tal, pau mandado da chefinha. Eram primos,  de certo,  tudo em família, certo? Não certo!  Família é pai e mãe filhos e no máximo uma avó e um avô que juntos convivam, meu bom Onofre! Ordelia já de idade passada dos cinquenta,  agora precisava urgente fazer família com o primo. Ou a já avô engravidava para ser a  mãe de um filho do primo,  ou não teria sossego,  já estava uma pilha de nervos a ambicioneira senhora pensando na herança já havia brigado feio com os herdeiros.  Ordelia sabia que o primo morreria logo, sabia dos seus problemas de saúde e contava com eles para se tornar a viúva. Então tinha pouco tempo pra fazer uma família com o primo. O primo já passado do tempo,  nunca fora a sua opção para amor nem tão pouco para marido; mas era a opção financeira, e agora a

Não me lembro do seu nome,  se era joão,  Veldemar,  ou Bartolomeu! Deveras não lembro. Mas ele descia a rua arrastando suas chinelas de couro com um barrulho que só ele sabia fazer. Quando ia chegando próximo da casa,  os netos e a nora ouviam o seu assovio e uma frase que nada dizia mas ao mesmo tempo tudo falava:- rhurhu.  Era deste modo que ele impunha sua presença de avô,  o mais amoroso dos avôs que já conheci,  eu deveras nunca tive um avô daqueles. Sempre presente,  independente dos problemas familiares,  ele era presença certa! Por isso Lucy sabiamente, mesmo que ela não fosse,  naquele ano novo ela fez questão que os netos passasse a virada do ano juntinho de seu avô,  era o último ano dele sobre a terra. Sábio é quem valoriza pessoas e não dinheiro. Mas voltemos as chinelas que desciam a rua e se sentavam na calçada por volta de cinco horas da tarde. Pois bem,  aquele avô chegava neste horário,  fazia seus sinais,  beijava os netos,  lhes fazia uma graça e se a nora estivess

Você sabe o que é a paz? É um presente Divino. Em nada fulgaz a Divina paz é você quem a faz. Quem em nada se preocupa com dinheiro,  vive os sentimentos verdadeiros. Somente estes tem este poder. Mulher que briga com filhos do marido a fim de afastar os filhos deste,  ou ainda, mulher que arruma filhos depois de velha só para ter direito a herança dos filhos de seu marido,  ou ainda mulher que pensa em pensão por morte do marido. Ou quer jogar os filhos contra o marido para ter parte no testamento,  existem mulheres assim,  infelizes elas vivem a sorrir falsamente ao lado do pior investimento que já fizeram no final da vida,  nunca amou o homem,  mas seu dinheiro lhe paga viagens,  lhe paga a comida,  lhe dá moradia. Mulheres assim envelhecem vazias,  esperando que o marido morá para serem felizes com outro e com seu dinheiro.  Já mulheres que ganham a vida com o suor de seus braços,  estas conhecem o amor e a felicidade. Elas se casam com quem desejam. E só ficam ao lado de quem amam