A viagem da imaginação humana

 


- É bem verdade dona Marli, chegou Valente comentando,  por vezes era melhor ficar do que ter ido, gente injusta causa tristeza em quem preza por justiça e amor, gente sincera é condenada e maltratada por dizer a verdade! Eu avisei a eles. Mas os dois foram. Ela o incentivou a ir ver todos,  era momento importante,  mas antes ela não tivesse incentivado. Voltou triste coitada,  decepcionada com mais pessoas ruins que acabava de conhecer. Pense a senhora,  em crise financeira,  o desemprego assola o mundo. A coitada fez de tudo para que ele fosse ver todos. E como é caro viver! Morrer pode ser questão de prova e tira dez quem dribla a morte: num pneu que estoura na estrada,  ou ainda numa doença grave que se pega na viagem.

Foi lá pras bandas daquela terra e voltou com bagagem ingrata, de gente que julga, condena e pune como se fossem deuses. Nada sabem das verdades. Vocês não fazem ideia da maldade no coração daquele povo;  exclamou Valente,  num desabafo triste. Já fazia tempos,  que viviam julgando e condenando as atitudes de Marcos,  sem saber do sofrimento que ele viveu por anos. Foi bem simples toda a história,  mas contando ninguém imagina o quanto é cruel julgar,  sentenciar e punir alguém só porque este decidiu mudar o rumo da própria vida; e escreveu a nova história de seus sonhos de infância. Ele casou-se denovo com a mulher de seus sonhos.  Uma amiga de alma,  de longa data; a pessoa que lhe completa em todos os planos terrenos e espirituais.

Dona Marli sorrindo, ouvia a explicação de Valente;  mulher sabida que era;  já sabia de toda presepada ocorrida na viagem,  ou aumenos imaginava. E de pronto foi logo falando: - Como as pessoas  julgariam Marcos se ele ao invés de recomeçar a própria vida,  tivesse matado a mãe de seu filho? E depois de tantos desabores da vida a dois, matado o filho e dado um tiro na própria cabeça, o que achariam disto? Como as pessoas o julgaria? Ou ainda,  como julgariam se ele tivesse abandonado a criança ainda um bebê e sumido mundo afora como muitos fazem? Pois é,  ter bons conselhos e apoio de amigos da alma, evita tragédias horríveis, mas disto ninguém sabe.
E se ele nas peladas se irritasse com os homens que tanto lhe afrontavam e os tivesse matado? Seria legítima defesa. As pessoas julgam sem saber da verdade,  condenam o inocente e absolvem o culpado.

Valente olhando a sabida dona Marli,  respondeu: é o que penso! Deveriam ser gratos pelas tragédias que a amiga lhe evitou tantas vezes. Ela dava-lhe sábios conselhos e o acalmava. Deveriam dar a amiga esposa,  o trofeu da salvação! Pois, foi ela quem  deu a Marcos o que todos negaram! Ela lhe deu ouvidos, conselhos,  esperança e amor. Era ela a sua confidente de tantas tragédias sentimentais vividas por anos. Mas as pessoas fizeram o contrário. E o assustador dona Marli é ver que a ingratidão de todos não procede em nada.

Inventaram que ele morreria se casasse com a amiga,  quanta mentira, nada sabem, ninguém conhecem! De onde tiram essas coisas só Deus explica. Ele já havia era escapado da morte quando largou todo inferno que vivia e decidiu mudar o rumo da própria vida, mas disto ninguém sabia. O que quase lhe mata na verdade foi a vida passada que teve, onde viveu pra trabalhar e sofrer. Por fim quase lhe mata foi a viagem ingrata, onde colecionou mais decepções, quase lhe mata foi um pneu estourado e uma doença grave que pegou lá, assim que voltou pra casa já chegou em com sintomas terríveis de presão oscilando, fraqueza e diarréia. E por dias o sofrimento do corpo lhe batia do mal da doença.

Dona Marli completou a conversa: - Valente,  acredite nas palavras de uma mulher vivida,  e escute o que vou dizer: as pessoas não conhecem a vida alheia,  elas não sabem nem do que acontece embaixo de seu nariz e se julgam capazes de saber a realidade da vida do próximo com base na sua própria imaginação e nas mentirosas informações que preferem acreditar. As pessoas dão valor a quem nega respeito e amor; logo, não espere respeito,  gratidão ou consideração de ninguém! Um dia eles serão julgados por Deus e a tristeza que causaram sofrerão!

O certo é certo dona Marli. O fato é fato. Os dois se  amam e vivem felizes. Longe dos perigos da morte,  morrem de amor isso sim,  ou de pneu furado em viagem ingrata, ou ainda de doença grave que se arriscaram pra agradar e lá pegaram. Mas fazer o que se as pessoas que não tem amor ao próximo e nem respeito, fazer o que se não conhecem a realidade do que é o amor verdadeiro? Deixe que sigam todas as viagens dessa vida,  afinal de falta de amor os dois não morrem mais, pois isto é o passado daqueles dois. Já viveram muitas injustiças e esta é só mais uma!

Um grande abraço a todos!


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