Quanto Custa? Você já parou pra pensar?


Dinheiro não abraça ninguém! 

Quanto custa?
Está aí uma pergunta clara que Clarice se fizera naquela madrugada. Quanto custa uma pessoa?
Para sua surpresa algumas custavam o amor, a vontade de estar perto e conviver com um único interesse: estar do lado da pessoa! Mas, para sua indignação outras custavam qualquer lucro que o dinheiro do outro pudesse trazer. Pessoas falsas que só agiam conforme interesse financeiro que tinham a despeito do próximo.

Mas algo era certo, o preço de quem custava uma dose de amor: existia! Assim como existia aqueles que o amor era um investimento com fins lucrativos somente.
Clarice pensava em todo preço, em toda forma de amar; amor familiar, amor de amigos, amor de amar, amor ao ser humano. Em qualquer relação quanto custa uma pessoa? Pensava Clarice insistentemente naquela noite.

Amor é o bem mais caro desse mundo, não vale um centavo, e não tem dinheiro no mundo  que o pague.
Isso mesmo, amor é feito de atos e fatos  durante uma vida inteira; e não existe preço a ser pago quando no caráter da pessoa, sempre, independente da situação, prevalece o amor, o querer bem ao outro sem pensar em lucrar nada além do ser humano.

Clarice já havia visto de tudo nessa vida, já tinha comprado amor verdadeiro sem dinheiro algum. E também já havia visto quem teve vendido amores falsos a preço de ouro. Lá estava ela, Clarice naquela noite em claro, pensando com qual idade forma o caráter de pessoas que valorizam o  amor e não o dinheiro. Porque algumas pessoas só fingem amor enquanto outras simplimente amam mesmo sabendo que o outro não tem dinheiro para lhe oferecer.

Depois de muito pensar viu que não existe idade, a pessoa nasce sabendo amar, cresce valorizando o amor e não o dinheiro, ou cresce valorizando o dinheiro e não o amor pelas pessoas. Estas pessoas quer priorizam o dinheiro por sua vez se tornam as pessoas interesseiras que só se relacionam para levar alguma vatagem, mal sabe elas que só irão se relacionar com pessoas iguais a elas a vida toda. Se tornam gananciosos e oportunistas em qualquer tipo de relacionamento. E para sempre irão conviver com seus iguais.

Naqueles pensamentos vagos veio a lembrança de Teofilo, um rapaz que preferia o pai por este ter ficado com todo o dinheiro ganhado com suor que era da sua mãe e durante a separação o pai ficou com tudo. Depois vinha na mente Rômulo, o filho  que preferia a mãe porque ela estava com todo o dinheiro de uma vida toda de trabalho do seu pai.

Clarice se levantou, tomou uma xícara de chá amargo!
O chá descia na garganta assim como o caráter das pessoas lhe descia. Não se conformava em ver gente que põe preço até para dizer pai eu te amo, mãe  eu te amo, irmão, irmã, sobrinhos, tios, avô, avós, colegas etc...
Clarice nunca aceitaria nesta vida nenhum tipo de relacionamento por interesse! Isso não é justo, ou o valor está no ser humano ou não há valor algum na relação.

Lembrava de tamanha injustiça  que até mesmo filhos fazem com seus genitores por causa de dinheiro, ou o contrário como os pais que tomam dos filhos para dar a estranhos. Lembrava dos amigos que ao ver a colega sem ter onde morar, sem ter uma colher, para o seu dia a dia,  se reuniram e fizeram para a amiga o chá da vida nova. O que levava aquelas pessoas a ajudar enquanto outras que deveriam ajudar estavam retirando o pouco que a pessoa tinha?

Ficou ali, sentada a mesa da cozinha, dava um gole no chá e pensava: -Quanto custa o caráter, quanto custa uma pessoa? Quanto vale o amor de pessoas interesseiras. Porque alguns pais e alguns filhos, e alguns amigos, porque agem de modo tão diferente ao longo da vida e das relações humanas que estabelecem na familia nas amizades. Por horas a pergunta permanecia muda de resposta.

Se lembrou de seu Divas que tirou tudo dos filhos para dar as mulheres que lhe deu solidão e desprezo. E os filhos? Bem, os filhos dele cuidavam do velho ingrato.
Lembrou ainda do filho que queria a prisão do pai que se sacrificou por anos para ver o filho crescer, deu de tudo para o filho e depois de perder tudo que tinha para a ex mulher, o filho ainda desejou que o pai perdesse a liberdade, única coisa que lhe sobrou depois de anos de trabalho. Se lembrou ainda do homem que roubou a ex mulher, da ex mulher que roubou o homem. Era muita coisa triste na lembrança. A noite ficará longa, povoada de gente trapaceira que vive usando sentimentos para lucrar algum dinheiro.

Clarice queria uma resposta para quanto custa o caráter de alguém e o amor que nada vale e tanto vale que nenhum dinheiro pode comprar? Com qual idade esse caráter se molda? Como se aprende a dar valor nas pessoas ou em seus bolsos?

Mais uma xícara de chá amargo e os pensamentos em ciranda giravam a cabeça de Clarice. Por fim, lembrou-se das criaturas mais difíceis de decifrar que existe nesse mundo. Pessoas de todas as idades,  jovens de alma, que faziam tudo o contrário de quem faz pelo dinheiro. Estes sempre estavam por perto, ao invés de exigir dinheiro eles dividiam o pouco que tinham com aqueles que tão bem queria e nada possuiam para lhes dar em troca.

Não importava quem ficou com o dinheiro de quem, eles compravam o que não tinha preço no futuro e no presente, com cada gesto, como: uma visita, uma guirlanda no natal, a presença desinteressada e constante, e a cada palavra eles compravam respeito, admiração, confiança; em suma: adquiriam o  Amor que une pessoas de bem.

Eles estavam ali direto, não importava o que tivesse na panela, o cardapio era o de menos! Não importava quanto de dinheiro tinha, ou se tinham ganhado uma casa ou ainda viagens, ou roupas, ou qualquer bem financeiro.
As pessoas eram o foco daquelas pessoas que acreditavam no amor mesmo quando as pessoas amadas estavam sem dinheiro até para comprar comida.

E estes seres humanos já tinham pronta desde sempre a resposta para a pergunta: quanto custa?
Pessoas  custam tão caro que dinheiro não paga, dinheiro não compra, só é possível ter este bem tão precioso com o tempo aliado ao comportamento desinterressado financeiro para com o outro.

Somente o tempo e atitudes podem construir e também destruir a relação de amor e querer bem ao outro em qualquer campo da vida: familia, amizades,  amores de todas as especies; é o tempo e os atos de cada pessoa, entre estas pessoas, que gera o que dinheiro jamais pagara e que ao longo da vida faz falta a todo ser humano: AMOR VERDADEIRO, desinteressado totalmente. É com cada atitude tomada ao longo do caminho que cada pessoa se faz no  preço final de cada ser humano.

Clarice dormiu finalmente, com o amargo na garganta e com a certeza doce de quanto custa o bem mais precioso do mundo chamado de: pessoas! Custa tão caro que dinheiro não paga, custa tão pouco que não se usa dinheiro para amor verdadeiro seja na familia, seja entre casal, seja entre amigos, seja lá onde for, só é feliz quem troca dinheiro por pessoas, pois dinheiro nunca dá abraço em ninguém.

Um grande abraço a todos!
Feliz 2020.

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