Um dia de cada vez!

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Um dia de cada vez!

E se não fosse tão complexo? Ah, se não fosse, não seriam eles! Nasceram ao mesmo modo, vindos de uma linhagem daqueles que ouvem, falam sem que haja barulho; descendiam da mais profunda  e ativa forma de amar. Eram impar na arte do amor, doutores em fúria. E assim como o tempo lapida o diamante, a evolução da espécie os trouxe mais uma vez. 

Em meio ao doce lar; criados para a selva, cautelados pelos anjos que os aguardavam na terra. Ela veio primeiro, já estava ali, e assim ele chegou olhando-a firmemente, seus olhos mudavam de cor! Era  uma das características da linhagem. Suas pupilas dilatavam e os olhos clareavam automaticamente. As outras características nem se podia falar, atraia as coisas ruins de que ambos eram capazes. Eram duas feras sempre prontas.

E o tempo se incumbiu de separar a Bela da Fera, mas nesta linhagem é impossível que o apartar perdure até a próxima abertura do ciclo. E o tempo correu. A Bela não cresceu como Bela, era tão Fera quanto a própria Fera. E o destino reservou algo mais, além de linda  tornou-se bem mais feroz que ele. Driblava os monstros da selva, passava por entre as árvores, saltava no espaço e assim era totalmente livre. O anjo que tanto lhe protegia não conseguia lhe alcançar, e quando saltava de uma árvore para outra logo sumia na imensidão. Totalmente livre.

Foram anos de sucumbência da Fera, o seu anjo a doutrinou; e assim aprimorou-se os dois lados da fera que nele existia! A Bela tornou-se a Fera e a Fera tornou-se uma Fera bela; ele, dono de uma paciência infinita, um coração maravilhoso, dono de um amor profundo por tua bela, detentor de uma extensa capacidade de perdoar; um predador ainda, mas um admirável ser da linhagem com o bem e o mal em equilíbrio. 

E a Bela? Bom, ela tornou-se uma Bela fera, coração petrificado, incapaz de perdoar, impaciente, feroz, um ser tão lindo quanto perigoso, capaz de destruir tudo que encontrasse pela frente, dona de magias incapazes de compreensão, era calmaria na fúria da razão; tempestade e destruição. Era chegada a hora. Os deuses do Olimpo já haviam ordenado que a Bela e a Fera fosse soltas, pois já não poderiam mais deixar descendentes da linhagem.

E lá estavam eles, juntos novamente! Mais de 200 anos os separavam, e em segundos ele a farejou; ela estava lá, passou olhou, deu meia volta e quando ia toca-la nos ombros ela o sentiu! De súbito olhou para traz e o abraçou. Não era preciso dizer nada. Caminharam por alguns instantes e finalmente chegou ao castelo de Orion. Adentraram e a porta se fechou; os olhares se fundiam e ele a apertava contra os seus braços, um abraço demorado, e ao final disse: _ Da vontade de protege-la! Ela olhou-o firmemente sabendo que não precisava de proteção, mas queria o que lhe era de direito da linhagem; o amor da Fera!

O dia era bem quente! Fazia anos que não chovia e a Fera estava todo suado! Nervoso, a olhava sem parar. Afinal eram 200 anos sem adentrar aos olhos da Bela. Puxou-a pelo braço e pela primeira vez seus lábios se fundiram e eram apenas um! Dois seres da linhagem e apenas uma energia na bagagem. Seus corpos se contorciam em uma magia infinita, um amor verdadeiro, uma saudade inesplicável. E ambos se amavam.

Deitou-se, e por horas o silêncio da alma falava com os corpos que se completavam de uma forma única, uma perfeição sem limites. Entre o toque do corpo que ligava a alma em uma dimensão extraordinária. Ele olhando-a dizia: _ Tens os olhos mais claros que os meus! A amo demais, esperei tanto por isto. Ela sorria e lhe respondia: _ Sempre soube disto, também o amo demais! Por oito horas, não se saberia quem fora a Bela nem a Fera. Eram dois corpos ferozes por um amor voraz de longos anos! Mais de 370 anos.

A minima pausa fora para alimentação, um frente ao outro e os deuses no Olimpo conspirando! Ambos já não deixariam mais a linhagem, pois a raça só reproduz até os 200 anos e eles já tinham bem mais que isso. As caricias que ambos trocavam equivaliam ao ápice da conjunção carnal humana. Uma forma de amor extraordinária, onde a alma se liga e ocorre o equilíbrio exato dos corpos. Doze horas após o primeiro beijo, ele exausto, olhou-a nos olhos e ambos saciados de vida e prazer reservado apenas aos imortais, se abraçaram para finalmente adormecer no calor dos seus corpos.

Ele pensou em prender a Bela fera naquele palácio, naquela noite; para almenos vê-la pela manhã, tinha receio que ela em voo rasante o deixasse. E ela o deixaria acredite. A bela fera não ama! No amor de uma Bela fera, nem mesmo a Fera bela pode confiar. Para prende-la tem que entender a principal regra. Mas a linhagem tem o poder de os eternizar em um amor infinito e misteriosamente ela dormiu em seus braços. Ambos deitados de lado, ela com a cabeça sobre o seu braço esquerdo e ele com o braço direito sobre o corpo dela. A segurou em cada segundo da noite.  

E foram infintos naquelas dezessete horas. E no outro dia quando a Fera abriu os olhos estava sendo acordado com vários beijos em sua face, era a Bela fera dizendo-lhe: _ Acorda amor, acorda ... Ele até então nunca havia sido acordado assim, mas sabia que em um futuro não muito distante, depois de vencer algumas batalhas encontraria a Bela Fera novamente. E não ia se esquecer da regra da linhagem, não desta vez!

E todo o amor foi guardado por inteiro, amor não morre se é verdadeiro. Amor não acaba, amor só aumenta! Faz da vida tua fonte. De falsos amores se alimenta, prepara-se para um dia de cada vez na tormenta. E vai trilhando os seus destinos. E a Fera levou consigo a Bela fera; e ela continua solta! Cometendo um de seus piores hábitos: se alimentar das almas indefesas dos meros mortais que amam pouco demais! E quando você notar um humano apaixonado sem aparente razão, saiba que ele sentiu o pior lado da Bela fera; o amor.

Mas ela sabe, só um grande predador pode dominar outro. E sente o amor profundo da Fera que lhe é capaz de competir a altura, e sabe quando ele a observa a espreita.  Ouve o tempo tendo a certeza que mesmo livre, caminhando ferozmente e solitária, destroçando as almas humanas; é a sua amada Fera quem tem a outra metade da esfera de aço do bem e do mal, sagaz para a regra! Capaz de lhe domar depois de vencida as batalhas do guerreiro além das montanhas por onde ele voa e a observa. Amor eterno é imortal, na junção do bem e do mal, a Bela e a Fera é igual!


Um grande abraço a todos!   
   

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