O filho da mãe

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O filho da mãe


A mulher que perdeu a virgindade há dez anos atras subia apresadamente a rua. Ela e sua camisa amarela, agora era outra história; precisava urgentemente de dinheiro. Limpava a casa dos nobres pobres. Estava indo trabalhar. Há três meses com o salário em atraso. Mesmo assim trabalhava para pagar a clinica do pequeno dependente em recuperação, o governo é culpado! País de corruptos, país de ladrão. Alguns diriam; mas foi ela quem trouxe ao mundo o moleque, saiu do orifício que tem na pelve. Desde então trabalha sem parar para sustentar boca própria e a boca pequena que puxa fumaça insistentemente e brinca de aviãozinho enquanto a mãe lava o banheiro da rica pobre senhora. 

Uma senhora que já nem paga o salário direito. Mas em compensação ela dorme que é uma beleza, e come muito também. Aposentou aos trinta anos porque as costas doía quando ia ao serviço,  decidiu aposentar; tinha boas amizades na época. Para complementar a renda ela casou-se com um velho fiscal do Estado separado da esposa. Depois de alguns anos, lá estava ela: uma senhora gorda, viúva que comia as uvas! E Ivo nunca viu a uva, mas todo mundo já viu a viúva. Vive ali, pobremente rica. Uma aposentadoria e uma boa pensão deixada pelo falecido. Culpa do governo, alguém diria.

Ah se ela, a mulher da blusa amarela soubesse que perder a virgindade no escuro lhe daria tamanho problema; certeza, ela teria morrido virgem! Vestida na camisa amarela, ou na verde; mas, ela morreria donzela. O pai da criança, pois bem, este sujeito é o tipo que não tem tipo, com qualquer tipo ele se parece. Logo como definir o pai da criatura embaixo da neblina social? Impossível. Definitivamente é culpa do governo! Afinal cade a mãe da criatura que estava solta de blusa amarela perdendo a virgindade há dez anos?  Pois bem, essa mãe estava de blusa rosa, trabalhando para sustentar a filha que ia perder a virgindade na neblina do cigarro! E onde estava o pai dessa menina de blusa amarela? O pai dela, pois bem, este sujeito é o tipo que não tem tipo, com qualquer tipo ele se parece...

Como já disse: ela subia a rua apresadamente. Culpa da crise econômica que assola a país, se não fosse o governo ela estaria dormindo em casa a essa hora! São exatas cinco e quarenta horas. E o sol nem sonhava em aparecer hoje, ele havia pensando em entrar de férias, mas, não deu certo, afinal a lua birrenta que só ela mesma, só há de aparecer ao anoitecer. E é assim que as coisas são! A culpa é do governo; pois a Lua deveria ser melhor disciplinada e parar de andar a noite sozinha. O sol, este fanfarão dorme durante e noite e trabalha só durante o dia! O Sol deveria trabalhar dia e noite, afinal o governo não governa decentemente o Sol e ele apaga assim que escurece.

A culpa de toda a existência não é minha nem da mulher de blusa amarela, quem decidiu o futuro dessa pobre diaba foi o governo! Não conte a ninguém mas, precisamos por a culpa em alguém. O governo estava lá na noite da virgindade. Futuro da crueldade, mulheres da piedade, malicia e vaidade abre a porteira do infortúnio. Os rebentos de qualquer tipo aparecem e assim perpetua a espécie dos desgraçados de sorte. Sofridos excluídos de morte, homens crus; sem rumo, sem norte, sem sorte! 

Desce mais uma cerveja garçom, estou com uma leve sensação de que eu vou ser pai de novo!



Um grande abraço a todos vocês!

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