De quem eram as meias vermelhas?

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De quem eram as meias vermelhas?

E teus olhos, no incerto da paz em que os instantes para sempre são teus. Nunca teus lábios nos meus. Rompantes da vida incerta que calou-se no adeus. Sim, aos olhos para sempre a criança da fotografia da sala! O homem que existe na alma a qual o choro embala, perdes-te a mais nobre de todas as contendas, a disputa do amor, perdeu sem disputar! Mas, em quais olhos que te cala ao resplandecer de tua dor, olhava-a ainda menina! O trato fino nas brincadeiras até a esquina, pegava em seus cabelos e partia para não apanhar.

Tão nobre o jovem moço. Precioso o eterno rosto que hoje preto e branco me vê passar de um lado ao outro! Todos os dias lá está, no quadro pra sempre na sala. De tuas palavras no corpo arredio de criança brava se embala; cá comigo menina magrela! Gritava sempre que voltava da escola. De soslaio passava, olhava, piscava e mais uma vez sorria, jogava beijo e em silêncio, o eu que de mim, nada há de pertencer; olhava-lhe descer a rua, atenta a cada detalhe. Sempre as meias vermelhas.

Volta e meia, cá está, e mais uma vez: cá comigo menina, vamos brincar. Um sorriso maroto, rostinho de anjo, malicia no olhar, um doce diabo feito para atentar! Cá comigo menina, vamos brincar. Sim, não tinha outra forma pra interrogar, exclamava sem pensar! Cá comigo menina, vamos brincar. Eu ouvia sem nada retrucar; e lá estava ele mais um dia a me chamar. Vez ou outra o olhar comprido a espreita a me olhar, de longe me observava sem nada comentar.

Anos de inocência, no doce da tal descendência crescia um grande amor!  Palavras assim rimadas, brincadeiras ali na calçada e aqueles olhos a me fitar. Um jeito malandro certeiro, menino que brinca ali no terreiro, me via com amor verdadeiro. As brincadeiras eram tantas, mas eu, menina santa, brincar pra que? Olhava de longe a moçada e assim tornei cobiçada daquele que lhe sub-roga, e assim se fecham a estrada.

Fitas para todos os lados, o transito interditado; tuas palavras da alma jogadas na minha direção; dilacera o infantil coração, teu silêncio a minha solidão. A sirene que toca na hora marcada, a estrada aberta e não resta mais nada além  da cor vermelha ao chão! Ah, meu amor, qual grande é a dor da separação. Eis que tuas meias vermelhas não caminharão na mesma direção! Ouviu-se então um silêncio profundo. Um frio moribundo invadiu meu coração. Velas, terra e muito chão a pior separação, eramos apenas criança não há entendimento não!

Burburinhos pela rua, e você não voltou mais não. E eu nem te vi partir, era apenas tristeza e desolação. As piadas nunca mais! Nem desces-te na contra mão. Não me fez mais sorrir. Teu sorriso a dente miúdo, alvo como canjica, outro igual nunca mais pude ver; exceto quando vi do teu sangue no meu, dentes claros como os teus, outros a nascer, carregando teu nome. Tuas graças lhe é o sobrenome. 

Numa manhã desgraçada, se perdes-te na estrada, e não deu a solução. O amor que morreu cedo teve sub-rogação. Para sempre na parede seu olhar da-me a mesma atenção, sua alma tão singela gravada no meu coração. Teu sorriso de menino, minha eterna devoção! O teu nome para sempre no traço de minha mão, a tua alma eternamente gravada na imensidão do amor de uma criança! 


Um grande abraço a todos!

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