Conto
A solidão da linha
As linhas que tanto
sozinhas mergulham num desconhecido. Embala o sonho dos homens e ao amor vivem
perdidos! Em momentos tão tristonhos,
viver é bem compreendido; é morrer de tantos sonhos, é na lida que não se dá
por vencido!
Não pagar tamanho preço,
pois nem morte e nem vida: tapa o amor e o começo da caminhada na descida. Amar
o infinito é instante a toda vida. Um cavalheiro errante, aos olhos do instante,
o mais nobre dos homens importantes. Em teu silêncio infinito, mergulha no mais
bonito véu de tuas palavras.
Em teus olhos o começo,
meio e fim do endereço que nunca finda, ao amor odre mais ainda! É estar diante
dos lírios e caminhar na doçura de um suspiro profundo. O endereço de tuas palavras,
eternos ao mundo. Abrace forte a razão;
se perca, encontre em qualquer segundo a maior dimensão lá no fundo.
Assim, foram as palavras
de Eulália no final da apresentação na Taverna. Frederico estava por ali a assistir uma das
últimas aparições de Eulália em público. A noite já havia caído e a taverna já
estava a se fechar, o dia sorrateiro viria no clarear. Alguns homens ainda permaneciam no recinto; outros, na calçada
do lado de fora; atracados nos pescoços de algumas mulheres bêbadas. Jogavam
conversas ao vento. Alisavam os monumentos históricos da pequena cidade. Num alento remar do tempo, zombavam do governo
os homens da mesa 07. E do outro lado da rua, umas 27 pedras adiante; havia uma
mesa; e nela, se encontrava Zaidy.
Frederico nunca mais
havia visto Eulália tão de perto. Mulher difícil de chegar perto era aquela.
Nunca parava para dar assunto. Sempre entrava e saia rapidamente da Taverna,
era o prazo de um relâmpago. O mistério era tanto que encantou Frederico.
Aquela noite nunca seria esquecida, pois foi a melhor de sua vida, reviu e
ouviu Eulália a cinco passos do seu corpo, ela estava ali na Taverna; e Frederico não tinha o coração morto.
Em alguns instantes chega
Nicolá Legrand; Frederico não o conhecia; só Eulália era figura conhecida, uma
das mais belas mulheres que já subiu naquele palanque. Frederico, atordoado, olhava-a
insistentemente. Com a boca seca, sentindo
coração acelerar; caminhou dois passos em direção a moça, retirou o
cartão do bolso e a entregou. Ela, não entendeu a aflição daquele homem; e Nicola Legrand entendeu perfeitamente. Tomou
providências , tirou-lhe o cartão das mãos e foi logo dizendo:
_ Senhora! Senhora
Eulália, vim busca-la; o senhor Zaidy lhe aguarda lá fora.
Eulália, virou o rosto, olhou para Nicolá
Legrand, e sorrindo com uma leve feição de espanto lhe respondeu:
_Acreditei que você não
viria! Zaidy está aqui, que novidade!
Nicolá mais do que
depressa, antecipou os três últimos passos que Frederico daria, passou a sua
frente; e entrelaçou seu braço ao braço esquerdo de Eulália. Saíram juntos da
Taverna.
Frederico tomou mais um
gole de vinho do Porto. Cuspiu e olhou torto! Não demora e encontra Zaidy; num
acerto de contas. Depois do acidente, Eulália nem se lembrava das feições de
Frederico. As linhas que tanto sozinhas mergulham num desconhecido. Embala o
sonho dos homens e ao amor vivem perdidos! A morte da vida em vão, abraço na solidão. Um
homem perde a razão!
Um grande abraço a todos!
Comentários
Grande Conto, este eu ainda não conhecia, mas é perfeita e inconfundível sua escrita, como sempre.
Beijos no seu coração!
Um grande abraço!