O meu Leviatã

 
 
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O meu Leviatã
 
 
Longe, bem longe da inveja dos homens criei o meu Leviatã. Por horas e horas sentia a alma ferver; nascia livre como um pássaro e voraz como tua própria natureza. Se libertaria no mundo e destruiria tudo que opusesse ao teu caminho. Nem mesmo em tempos modernos encontrariam algo tão feroz em um homem aparentemente inofensivo. Amo o que dentro de mim posso dominar; funde-se na existência a um ser pequeno e monstruosamente gigantesco.

Pobre dos homens que fazem dos homens seus algozes para os homens; e se esquecem dos teus monstros. Assim criei meu Leviatã! Durante a madrugada lá estavam todos aqueles que desejavam aprender a domar o outro. E ninguém imaginava, que eu, já não mais precisava disto! Eu apenas observava da torre. As mulheres que não entendiam buscavam respostas tolas na vida sexual em uma moral falida, vestidas e despida de amores voláteis lá estavam todas elas fingindo felicidades e fidelidades. Os homens afoitos não percebiam onde pisavam. Andavam a procura do que jamais iriam entender.

Por isso Vencilho, lhe escrevo está carta! Não pise em território de meu Leviatã, não queira acorda-lo. Não queira entender o que eu não falei. Pois somente eu, estive dentro da torre e pude ler os teus códigos. E nela pude ver o exato caminho que leva os homens ao seus próprios infernos. Enquanto na torre, observei os maiores dentre os menores homens; aqueles que se julgam maiores por demais, e assim fazem muitos menores, deixaram-me a maior das lições. O que jamais ser. Coloquei para dormir o meu Leviatã.

Há homens tolos que para serem grandes precisam de homens pequenos, pois só assim pareceram maiores. Homens que desconhecem os códigos de acesso à torre. Vencilho, sinto-me honrada em ver o quanto a desordem dos homens promovem a fome pela aparição e a inveja das perolas que são apenas perolas e nada trarão. São escombros humanos aqueles que necessitam vorazmente destruir o alheio para igualar-se a teu espelho. Tolos! São seres humanos que fazem humanos e não há espelhos além do espelho.

Uma bondade que nunca conheci; um homem bom! Em silêncio Vencilho, escutei o mármore do teu tumulo se mover. Você esteve preso nele por não ter um leviatã. Enquanto as jovens donzelas procuravam respostas para os seus amores sonhados; eu amava o próprio amor! E quando as humildes senhoras passavam pela torre, eu as admirava profundamente; pois, estas souberam absorver a vida e não precisa diminuir nenhuma outra mulher para parecerem grandes demais, estas não viram a vida passar, elas viveram.

E quando as mulheres perdidas apareciam, eu lhes tinha pena, sentia profunda dor por suas ironias mal feitas, ironias de vidas erróneas e arrependidas. Pobres mulheres, são tão desgraçadas quanto amaldiçoadas por si mesmas. Sofrem de inveja profunda! As pessoas arrependidas precisam explicar que não são arrependidas; já as outras não! Tanto já viveram e ainda não entenderam os códigos do mundo aquelas mulheres que tentam ser o que não são; e ainda querem que outras sejam o que já foram! Defendem o que não pensam e amam suas próprias desgraças.

Crianças admiradas sentam-se próximo da janela e ali se apaixonam por um brilho que vem lá de dentro. Não olhe nesta direção ela é apenas para as crianças! Homens crescidos passavam, olhavam e entendiam exatamente o que se via. Estes homens, silenciosos permaneciam em suas brilhantes armaduras; pois sabiam o perigo que eles corriam se acordassem o meu leviatã. Eram homens inteligentes a ponto de não puxar a Mandrágora. Mas, mesmo assim, me amavam, me amam e me amarão em seus sonhos. A ponto de odiar-me por amar-me por demais!

Amavam o que queriam, amavam platonicamente; e em silêncio todos eles permaneciam de seus castelos a me observar, não diziam uma palavra. Belos e armados contra o que em mim adormecia. Era o meu leviatã que este respeito trazia. Amava-me os homens que queriam. Enquanto em mim dormia, silencioso, calmo e pacifico o monstro do qual me construí.

Somente um amor platônico sobrevive ao meu leviatã. O homem que pense do contrario, cai em desgraça e desespero profundo, torna-se mal falado por estar ao meu lado; pois todos já sabem que ele jamais irá domar o meu monstro. Os grandes homens da corte, nunca fizeram corte, pois sabiam que não deviam. E só estes homens vez ou outra se aproximam da torre. Um grande homem sabe onde mora um leviatã. Mesmo que muito amor tivessem, desistiam por puro amor, pois nenhum mortal está a altura de um leviatã.

Ainda haviam aqueles que se arriscavam e sem nenhuma cautela caiam da torre, estes eram os homens que não entendiam nada. Outros desvanecidos de ódio, viravam-se contra o que não podia dominar; iravam-se contra mim; num sentimento de ódio profundo por serem rejeitados. Jamais homem algum me dominara e jamais dominará! Queriam ter-me a qualquer modo os tolos homens, e estes, despertavam apenas o espreguiçar de meu leviatã, e quando isto ocorria, e quando isto ocorre é eminente, todos são jogados da torre imediatamente.

Com seus corpos ao chão, com o peito em chamas e uma insatisfação medonha, queria-me a imagem de suas prostitutas fabricadas; e frustravam-se por não me fabricar. Eu não era e jamais serei fabricável. Quantos tolos pensaram assim; e da torre os lancei nos teus próprios infernos enfadonhos, tristes e desprezíveis. Como não tinham o meu amor, me odiaram por me amar demasiadamente!

Eram, e são ingênuos a ponto de não perceberem que amavam que amam e que amarão o meu leviatã. Revoltosos tentaram tirar-me o nome; apavorados tentavam parecer para os outros que estavam ao meu lado para que assim acreditassem que eu os amava. Tolos, assim, mais ainda se afastavam de mim e sentiam mais amor por meu leviatã. Se perderam em mim enquanto se buscavam.

Vencilho caro amigo, escrevo-te esta carta, para que entregues a Mendrey III, pois apenas ele, e somente ele, com teu olhar brilhante, teu sorriso meigo, suas palavras que me fazem rir, somente ele consegue não cegar-se ao ver meu rosto, e assim se aproximar do meu verdadeiro eu.

Por séculos somente ele pode passar pela torre e sentar-se ao lado de minha alma, enquanto me descaso. E ali, sentado ao meu lado, ele pode acariciar o meu rosto sem o menor receio, pois ele desconhece o homem frágil que habita em mim; quando me olha ele vê os olhos do meu monstro; pois o primeiro homem que lhe mostrei foi o que ele acaricia o rosto na alma, só ele conhece a figura por traz de meu rosto, onde habita o meu leviatã.


Vencilho não inveje Mendrey III, ele não é homem de sorte, ele sofre, ele chora; ele queria estar em meus braços; mas ele habita aquele hotel onde o encontrei dentro de mim desde nossa eternidade; não queira jamais estar no lugar de Mendrey III, pois Mendrey é a parte eterna do meu Leviatã. E ele não olha nos olhos de uma mulher, mas sim nos olhos que são os olhos do teu eterno desejo!

Ps: em tuas mãos, dentro deste mesmo envelope está a carta para Mendrey III; Vencilho, entregue-a por favor!
 
 
Um grande abraço a todos!

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