Para sempre: Era uma vez... 1

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A raposa era eu!

Tenho caminhado na solidão de meus dias. Em tais dias na história, nossa história na palma da mão do planeta. Laço preso, raso na memória, lá estava a criança que sorria para o velho da história! Eternamente eterno num amor profundo, colabado ao mundo, nos pulmões da indulgência do homem. Antonie chegou, veio sorrateiro; afinal hoje sou mulher, não mais a menina que o via com o ar da graça sendo tão disputado sempre. Mas ele, sábio e paciente trouxe-me as boas conversas mais uma vez. Sempre insistia, nunca desistiu do nosso amor.

Há de ser ele um dos melhores. Sempre à mim foi, ao que dizem ser as rosas, tão belas e tão formosas, cativou-lhe o príncipe desde botão. Hoje há de ser rosa? E ainda assim; as rosas vaidosas; eis que o velho se tem em mim a eterna calma de aprendiz, para sempre a imagem que eterno condiz , na flor há exuberância da alma humana. Lastimável, sou raposa! Eu só tinha 10 anos e ele, me cativou; me encantava, e eu já lhe compreendia todos os desenhos por mais que se parecessem chapéus! O meu Frances! Eterno sujeito; o jeito da vez. Me beija a alma sua sensatez; meu eterno Frances. Calou minha calma no gesto cortes! Se abriu em minhas mãos, sem pudor algum, afinal eu não era mais uma criança.

Antonie tinha a frustração dos grandes. E a decência dos mais ferozes na arte de pensar. Ah, meu querido, meu querido! Queira em eterno me desculpar, mas sou eterna amante daqueles que apenas pensam sem precisar pensar! Invadiu-me a alma aos dez anos e de lá jamais sairia. Fiz-lhe dormente por várias vezes. Vi tal desproposito naquela noite. Odiei Antonie por um segundo antes de estender-lhe a mão. Já tão idoso e ainda era o melhor. La estava o meu Frances. Falando do vaidoso e eu lhe sendo a vez do elogio cortês, lhe disse sussurrando: _ Meu eterno príncipe, como outrora, lhe tenho agora: em eterna sensatez, o meu Frances!

Parado frente a mim. Ele não mudou nada, ainda tinha os mesmos gestos, repetiu-me todas as palavras de outrora. Palavras que calam. Palavras que choram; Antonie falava-me sem ir embora. Eu não precisaria mais abandoná-lo se não quisesse; pois hoje entendo que ele dedicava aos adultos e não a mim. Mas não tenho mais ciúmes! Erramos tão livres naquele momento em que eu o segurei com mão direita, puxei-o até a mim e sorrimos pelo desfortúnio da serpente abaixo do muro.

Tuas palavras poéticas permaneciam iguais aos nossos encontros anteriores, mas algo mudou. Ele amadureceu em meus olhos; e a filosofia impregnada dos dez anos, não era tão diferente assim, era igual, mudaram-se os verbos, as próclises e mesóclises as quais já nem me importam, pois na arte de amar, não há verbo nem eternidade, há instantes eternos.

E enquanto ele me olhava eu o devorava com meus olhos, estava ainda mais atraente. Era a primeira das trigésimas ou milésimas vezes que nele eu pensava. Tão mais velho que eu; e aos dez anos eu já lhe amava, esta certo, não lhe fui a melhor companhia; durante a caminhada. Outros me foram bem mais companheiros, rodei o mundo, estive de ponta a ponta em busca dos melhores. Einstein foi um destes que me tirou a paz, o amei por demais; e na China encontrei os inesquecíveis, há que saudade! Sem contar os gregos aos quais junto caminhei e ao por do sol me deliciava em seus verbos. Em Atenas, tantas coisas, mulheres serenas. E eu, tão fria, raposa serena! Para mulheres de Atenas; dei-lhes armas, para não ser tão pequenas. Felizes sejam as mulheres de Atenas, respeitadas eternas flores de alfazema.

Amava a França que nos separava; amava o tempo que nos entregava um ao outro; amava o príncipe que ele em si transportava. Levou-me aos 10 anos para mundos tão distantes e sempre tão perto de mim. Pequena velha criança. E me pergunto, porque  comigo? Queria ter a inocência tola que nunca tive! Oh mente pervertida de minha alma. Abala, sofre e acalma os homens da historia. Continuemos com amor eterno na memória. Sem corpo, no final da estrada, já na linha de chegada há gloria; a que se leva e assim fica registrada nas histórias. É assim voltamos ao planeta de onde viemos.

Perplexo Antonie segurou-se em minhas mãos; seus olhos já apagados pelo tempo; revolto no pensamento de tamanha sabedoria criou-me tão raposa. Me olhava e sorria; lembrei-me do murro e da derrubada da ponte. Era um jovem eterno, em sua sapiência de raposa. Colecionou o tempo em que me mostrou os teus mais belos exemplares. E eu, atenta aos teus verbos, distante de tais olhares, tornei-me raposa no trigo. Tive em minhas mãos o seu mais profundo sentimento de amor. O amor que se desconhece o próprio amor.

Em silêncio, transcorri os meus dedos sobre teu deleitoso e afagável sentimento; filosofando em tua roupa, abri-lhe a decência por mais uma vez. E lá estava tudo que de mais belo um homem possa carregar! Olhei admirada, pois o tempo não lhe corroeu a graça de outrora, a alma não se vai porta afora. Eu criança, ele mais agora! Lá estávamos nos dois, deitados no sofá. Eu o olhava de baixo, mas, como sempre estávamos ainda no mesmo patamar; ele fala, e eu em pronto ouvido estava a lhe escutar.

Ele, bem mais velho, pois sabedoria não se tem em qualquer lugar, embora cedros velhos sejam tão tolos quanto suas sementes que tanto se escondem e quando se mostram são tão frágeis quanto brotos novos. Não há corpo que se ponha onde o cérebro há de reinar. Eu passava-lhe a mão sorrateiramente, abria-lhe a alma a cada toque. Deliciava-me a cada verbo relembrado em tuas filosóficas palavras. Era algo tão simples e obvio, que nem precisava que ele me contasse nenhuma de suas aventuras amorosas mais uma vez, para que eu pudesse calcular quantos olhares este mundo já lhe deu. Eu já disse, eu não tive mais ciúmes!

Porém, há que se falar da infância a Morfeu, jamais roubaram os sonhos meus! Ao lhe ver naquela noite; amei-te mais uma vez incondicionalmente, sem lhe concorrer a Platão na mente, ficamos por horas apenas nos dois. Visitei os lugares por onde meu príncipe viajou. E ele ao meu toque, sentia o calor de minhas mãos, passo a passo recontava-me todas as suas histórias. Cativo eterno, preso em minha alma, o meu Frances!


Enquanto ele envolto da certeza sorrateira de que: responsável tu és pelo que cativou; o essencial é invisível aos olhos, e só pode ser visto com o coração. Abracei-lhe em meu peito, e vi que foi o tempo a que me dedicastes que fez de mim tua eterna rosa cativa, não menos que a eterna raposa nativa de mim! Pois, me via na infância; nos tivemos na adolescência. E de muros fizemos pontes onde em eterno transitaremos nos dois.  

Foi lá que me ensinastes que não vale a pena beber para esquecer, pois as lembranças são eternas. Que o vaidoso é apenas para si, e que seu eterno ego está sempre a morrer por um elogio. Foi ali que me ensinou, a amar sem compreender, a cativar sem prender; a desejar sem se esquecer; a ser uma grande criança e crescer. E agora bem sei que meu pequeno príncipe, para sempre meu eterno rei! Antoine Saint, bem sei também lhe amei, a flor que em ti criei; a raposa que me tornei. 

Um grande abraço a todos! 

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